Brasil

Voucher para merenda, um "milagre" a ser combatido

Nós não precisamos ficar procurando fórmulas mágicas, como voucher, mercado e concorrência. Investir na educação é investir na educação pública, valorizando professores, valorizando e equipando as escolas, apostando no protagonismo dos alunos.

Na área da Educação sempre tem alguém oferecendo um milagre. Uma solução mágica a respeito dos nossos crônicos problemas educacionais.
Nessa semana, por exemplo, aqui em São Paulo, o Secretário da Educação – recém empossado para atuar no cargo até o final do governo, no fim deste ano – está dizendo que está muito inclinado a realizar o voucher para transporte e merenda.
Ou seja, ao invés de oferecer serviços educacionais pretende-se entregar dinheiro para que as famílias decidam contratar o transporte escolar e comprar a merenda escolar.
E tem muita gente no Brasil que defende que ao invés de garantir escola pública e de boa qualidade como um direito de todos, entregam esse direito à família – ao cidadão – e a família decide qual escola vai contratar, aonde vai pagar pelo serviço.
É aquela velha ideia de que o mercado é quem deve definir e a concorrência entre as escolas é que vai levar com que todo o sistema de educação possa melhorar.
Isso já foi muito testado. No Chile, isso foi um programa do governo Pinochet e que foi devidamente desmontado pela presidente Bachelet. Esse modelo estava deprimindo as condições educacionais de um país que já tinha experimentado avanços em muitas outras áreas, mas não em educação.
Então, o voucher não funciona. Principalmente em um país como o Brasil onde as carências são muito grandes.
O que funciona no Brasil são outras coisas. Quando a gente fica pensando em educação não podemos olhar somente para os problemas, nós temos que verificar onde estão as soluções e o Brasil tem sido pródigo em boas soluções educacionais.
Se nós verificarmos os avanços extraordinários que aconteceram no Estado de Pernambuco na área do Ensino Médio, na época governado pelo governador Eduardo Campos, o Estado de Pernambuco deu avanços incríveis na área do Ensino Médio porque fizeram um programa em escolas públicas, com professores da área pública, com equipamentos públicos. Nada de voucher, nada de mercado.
O Estado do Ceará, por exemplo, que era um dos estados mais atrasados em matéria de educação no Brasil, hoje é um expoente na educação – a partir da experiência que foi realizada na cidade de Sobral e depois expandido para todo o Estado do Ceará – tornando-se o melhor colocado no Brasil em termos de alfabetização de crianças.
Nós não precisamos ficar procurando fórmulas mágicas: voucher, mercado e concorrência. Investir na educação é investir na educação pública, valorizando professores, valorizando e equipando as escolas, apostando no protagonismo dos alunos. Esse tipo de solução o Brasil já encontrou há muito tempo, como outros países também já encontraram.
Não precisamos ficar procurando fórmulas mágicas como o atual secretário da educação de São Paulo, talvez com pouco tempo para realizar algum trabalho significativo, daqui até o final do ano, está levantando ideias velhas – como essa história do voucher – e que nós temos que afastar das possibilidades educacionais de um país como o Brasil, que precisa se desenvolver a partir do desenvolvimento da educação.
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