Brasil

Até quando o Brasil vai insistir na lógica das capitanias hereditárias


 

Parece que no Brasil todos chegam depois da tragédia, e, assim mesmo dura pouco, entretanto, chegam… isso é bom… Tipo, antes tarde do que nunca… chegarem é um sinal de que, de alguma forma, foram tocados pela tragédia de alguns, ainda que não tenham acompanhado por todo tempo a tragédia de muitos. Chegam políticos, chegam religiosos, chegam ONGs, etc.  Sem dúvida as vítimas, pela tragédia, precisam de suporte, e de quem se solidarize na sua luta pelo direito… bom que chegam… é necessário.

Porém, para além de protestar ao lado destes, nesse momento da tragédia que aconteceu no Largo do Payçandu, e para além de denunciar a tentativa de criminar a pobreza, por parte de ex e do novo prefeito, nesta cidade em que o PSDB faz troça, para não dizer troço, dos eleitores paulistanos; eu quero saudar os movimentos que desde sempre estiveram lutando pela reforma agrária e pela reforma urbana.

Movimentos como o MST ou como MTST e tantos outros movimentos de luta pela moradia; saúdo a Antonia, membro da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito que já efetivou várias ocupações, sempre lutando pela moradia numa cidade com déficit habitacional insustentável, como São Paulo.

Me lembro, também, do pastor da Assembléia de Deus, Sebastião Ferreira de Souza, de 57 anos, morto na chacina ocorrida em Taquaruçu do Norte, distrito de Colniza, a cerca de 65 km de Cuiabá, MT, que foi o mais torturado entre as nove vítimas, os trabalhadores foram assassinados quando estavam nos seus barracos, reunidos numa área rural, no dia 19 abril de 2017, na luta pela terra. E de tantos outros mártires na luta pela pela reforma agrária, e pela reforma urbana, mártires que denunciam o verdadeiro Brasil, Brasil que quem só chega depois da tragédia, nem sempre presta atenção.

Se prestassem a devida atenção, principalmente, o Estado,  não teriam o porquê de chegar.

Lembro-me do profeta Isaías que disse: “Ai de vocês que compram todas as casas e se apossam das terras, expulsando os antigos moradores, fixando placas de “não entre”, tomando conta do país e deixando população sem-abrigo e sem terra.”

Lembrando-nos, portanto, que o direito à moradia antecede e é superior ao direito à propriedade; e que a Bíblia limita a posse de propriedades à função social destas.

Homenageio, portanto, a todos os que, sem trégua, vêm lutando pela reforma agrária e pela reforma urbana neste país que insiste na lógica das capitanias hereditárias. 

Nosso luto vem do verbo lutar!

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  1. Avatar
    Cristiane N. Vieira says:

    Sugiro ao blogue entrevista com a professora Lilia Moritz Schwarcz para falar sobre o país e o legado da escravidão.
    Na BBC tem uma entrevista com ela sobre o assunto.
    (http://www.bbc.com/portuguese/brasil-44034767)
    Quando descobri em sua entrevista, de muita densidade informativa para um país cuja história recebe tão pouca atenção em sua divulgação e popularização que trate dos contextos e da visão critica dos fatos folclorizados (no sentido pejorativo), que os republicanos brasileiros chegaram a negar, de forma alusiva e romantizada, a existência da escravidão, lembrei de imediato da famigerada tese do ideólogo da Globélica, kamel, sobre não haver racismo no Brasil. É o retrato mais simbólico da alegação da professora sobre a persistência do legado escravocrata de negação de responsabilidades pela via da amnésia ou eliminação deliberada da história – fazem também com legados positivos, como no caso da atual tentativa de destruição da memória dos anos de governos populares e progressistas – para com ela justificar a negação de direitos e de reparação social dos prejuízos sofridos pelos povos oprimidos – indígenas, negros, imigrantes pobres, refugiados, um pouco de todos nós. É fazer cara de paisagem enquanto a rapinagem continua… Típico comportamento de estelionatários. Esta é sem dúvida a face risonha e cínica da elite social-demagoga que o candidato Ciro simboliza.
    Sampa/SP, 10/05/2018 – 12:36

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