Brasil

Para manter Lula preso, a imprensa ataca até plantonista

Neste mundo falso, distorcido e deturpado da imprensa golpista, em que as fake news são o padrão e não o desvio da norma, o plantonista é a vítima da vez.

A imprensa brasileira, essa usina de inquietação e criatividade, ofereceu recentemente ao mundo mais uma vibrante inovação linguística.

Descobriu novos sentidos, todos negativos, para a palavra “plantonista”, que passou a significar substituto, interino, inferior, desqualificado, ilegítimo e usurpador – acepções que nenhum dicionário registrava até agora.

Não por acaso, o primeiro humano a merecer a novíssima “pecha” de plantonista foi um juiz desembargador de Porto Alegre, que teve a ousadia de despachar um habeas corpus determinando a libertação de Lula – o inimigo número um da aliança golpista que nos desgoverna, com mídia, com parlamento, com a justiça, com tudo.

Como ele fez isso num domingo, cumprindo um rotineiro revezamento de juízes, e como despachou em favor do impetrante “errado”, foi imediatamente rebaixado de desembargador a reles plantonista.

Um ser abissal, das profundezas mais pantanosas e obscuras da justiça, que emergiu para conspurcar a intocabilidade de julgamento do santo padroeiro da inquisição nacional, São Moro de Maringá.

O fato de que a intensa cobertura jornalística do mandado de soltura de Lula foi inteiramente produzida por plantonistas nas redações, evidentemente, não veio ao caso.

Nenhum veículo pôs em dúvida a qualidade das informações e análises que ofereceu, todas, sem exceção, produzidas por gente que cumpria escala de fim de semana, ou foi chamada às pressas para reforçar a equipe de plantão.

Assim como não foi, não é e não será posta em dúvida a legitimidade dos plantonistas nos hospitais, nas delegacias de polícia, nas distribuidoras de água e de energia, em todos os locais onde o atendimento nunca pode parar.

Plantonista menor, plantonistinha, plantonista inferior ao assistente de estagiário, só juiz “do PT”. Só quem reconhece direitos de Lula.

Essa contribuição semântica da imprensa ao vocabulário da canalhice está longe de ser caso isolado, ou apenas nacional. Está no gene da atividade jornalística, na verdade.

Rotular, etiquetar, é um dos procedimentos mais eficazes da manipulação informativa e mais praticados mundo afora.

Tem a finalidade de desqualificar pessoas, instituições e fatos de forma rápida e eficaz, e de perpetuar a desqualificação de maneira concisa, como é indispensável às manchetes de jornal.

Por isso mesmo, é obviamente seletiva. Aplica-se somente aos inimigos ou ao que desagrada.

É assim que Raul Castro e Nicolás Maduro são “ditadores”, enquanto o rei Salman Al Saud, ditador implacável da medieval Arábia Saudita, jamais merece o termo, porque é amigo dos amigos americanos, e esta é uma amizade que se preze.

É assim que Iraque, Líbia, Irã, Coréia do Norte, Síria, Afeganistão são ou foram “estados terroristas”, enquanto os países centrais, que bombardeiam e aterrorizam gente no mundo todo, são “democracias ocidentais”.

É assim que, aqui entre nós, um impeachment fraudulento sem crime de responsabilidade depõe presidente e chamá-lo pelo nome verdadeiro de golpe é apenas “narrativa” de “lulopetista”.

A linguagem cria o mundo à imagem e semelhança de seus criadores.

Neste mundo falso, distorcido e deturpado da imprensa golpista, em que as fake news são o padrão e não o desvio da norma, o plantonista é a vítima da vez.

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  1. Avatar

    Esse texto tenta em vão repetir e propagar o mesmo mantra que restou a Lula e seus asseclas, se colocar na condição de vítimas e coitadinhos. Esquecem Elles que foram os protagonistas da corrupção que assolou o país e devastou a esperança do povo brasileiro. Esses canalhas de plantão, ainda não satisfeitos, ousam voltar ao poder, a qualquer custo, para destruir as ruínas dos sonhos de nossa gente de bem. Chega!!!

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