Brasil

Callegari adverte: escola em tempo integral pode ser uma armadilha para enganar o eleitor.

Colocar a juventude mais tempo em uma escola que não tem qualidade, que não tem professores, é o mesmo que colocar essa juventude em uma espécie de presídio.

Escola em tempo integral, educação integral. Durante esse ano de 2018, que é um ano eleitoral, nós vamos ficar cansados de ouvir a história de que nós precisamos tirar a meninada da rua e, por isso, é muito importante que tenhamos a escola em tempo integral.

Uma coisa que não tem nada a ver com a outra. Tirar a moçada da rua é uma outra história.

A educação integral tem que ser pensada de uma maneira integral e não como um arremedo. Educação tem que ter projeto, tem que ter intencionalidade e a intencionalidade da educação é o aprendizado, o desenvolvimento.

Os problemas assistenciais que tem levado parte da nossa juventude a uma situação de rua, de risco, de violência, são derivadas de outros problemas em termos de políticas sociais no Brasil.

Entretanto, essa questão da educação em tempo integral – inclusive que estão nas medidas recentes do governo brasileiro – elas têm que ser conversadas com um pouco mais de seriedade.

Pouco adianta aumentar o tempo que o jovem fica na escola se essa escola não está preparada para garantir, não apenas uma educação de qualidade, com professores, laboratórios, condições para fazer educação, mas, principalmente, para que ela seja significativa e interessante para essa juventude.

Colocar a juventude mais tempo em uma escola, fazer mais do mesmo, em uma escola que não presta, que não tem qualidade, que não tem professores, não têm laboratórios e que não é interessante, é o mesmo que colocar essa juventude em uma espécie de presídio – porque aquilo não é interessante, não corresponde a suas expectativas.

Então, quando se fala de educação integral, significa primeiro investir mais em educação – o atual governo está cortando dinheiro na educação, cortou este ano 3,1 bilhões de reais. Temos que investir mais, investir em professores que fiquem na escola, que possam dar desenvolvimento ao projeto educacional que os estudantes têm o direito de receber em suas escolas.

Quando nós falarmos de educação integral, educação em tempo integral, devemos verificar qual é a qualidade, qual é o tipo de educação que se pretende. Pouco importa, e pode ser muito pior, apenas esticar o tempo em que a meninada está na escola sem que isto esteja relacionado às garantias da qualidade daquilo que é de fato desenvolvido.

Vamos ficar atentos, porque no discurso fácil de alguns candidatos, as vezes, colocar educação integral como o grande mote de campanha pode ser uma armadilha para enganar o eleitor, enganar o Brasil.

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