Brasil

Nizan Guanaes entra na guerra dos agrotóxicos em defesa dos ruralistas

Defensor da agricultura orgânica anos atrás, em artigo na Folha, Nizan informou à jornalista Andrea Sadi que aceitou “trabalhar a imagem” do setor ruralista. Nocaute teve acesso e publicou hoje, em entrevista com o sociólogo Carlos Alberto Dória, um filme publicitário que pode ser o início da campanha.

O publicitário Nizan Guanaes foi contratado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para trabalhar a imagem do setor em meio à polêmica do projeto de lei que afrouxa o controle de agrotóxicos, informou nesta tarde a jornalista Andrea Sadi em seu blog.

Aparentemente convertido à cruzada pro-agrotóxicos, há quatro anos Guanaes publicou uma enfática defesa dos alimentos orgânicos em sua coluna na Folha. Seguem alguns trechos:
“A comida do futuro é orgânica. (…) As pessoas estão cada vez mais preocupadas em comer e em dormir livres de substâncias químicas. (…) A Califórnia não é apenas o centro de tecnologia do mundo. Se você for a San Francisco, verá como a alimentação orgânica está tomando a cidade.”

Nocaute teve acesso a uma peça publicitária que faz a defesa dos agrotóxicos e critica duramente os artistas – Caetano Veloso entre eles – que apelam à Câmara dos Deputados a rejeição do projeto de lei que liberaliza ainda mais a produção e o uso de agrotóxicos no Brasil.

Não se sabe se o comercial já é da lavra de Nizan, pois não vem assinado por nenhuma instituição.

Leia a coluna de Andrea Sadi em:
https://g1.globo.com/politica/blog/andreia-sadi/post/2018/06/20/em-meio-a-polemica-dos-agrotoxicos-ruralistas-contratam-publicitario-nizan-guanaes-para-trabalhar-imagem-do-setor.ghtml

Leia o artigo de Nizan Guanaes em:
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nizanguanaes/2014/04/1433930-revolucao-humana.shtml

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  1. Avatar
    Mara de Andréa says:

    O que me deixa pasma é como a grana aliada à (normalmente baixa) ideologia política faz as pessoas mudarem ao sabor das marés. Além disso, há tempos a lei utiliza o termo agrotóxico e não mais defensivos. Outra mentira para manipulação, facilmente verificável na internet em sites sérios, é sobre a primeira posição do Brasil como consumidor de agrotóxicos. Essa gente que manipula informações que podem prejudicar as pessoas, assim como o meio ambiente, sem preocupação com o futuro, não presta e devia ser punida por propaganda enganosa.

  2. Avatar
    Cristiane N. Vieira says:

    Fontes adicionais de informação

    http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/entenda-brasil-maior-consumidor-agrotoxicos-mundo

    https://observatorio-eco.jusbrasil.com.br/noticias/2548118/brasil-e-o-maior-consumidor-de-agrotoxicos-do-mundo/amp

    http://www.ebc.com.br/noticias/2015/12/brasil-e-o-maior-consumidor-de-agrotoxico-do-mundo

    http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=471

    No link http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=471, há um documento (2015) do INCA sobre seu posicionamento, contrário aos agrotóxicos e em favor da agroecologia – basta procurar pela palavra “agrotóxico” (reportagem do jornal Estado de SP – https://www.google.com.br/amp/saude.estadao.com.br/noticias/geral,inca-se-posiciona-pela-1-vez-pela-reducao-do-uso-de-agrotoxicos,1665873.amp).
    Nele, se afirma que a posição de liderança do país no consumo de agrotóxicos se deve em parte aos transgênicos – o registro nos rótulos dos produtos de que são ingredientes também está em discussão, com a pressão dos produtores pela retirada da informação (não conseguiram comprar a opinião pública em favor dos transgênicos, então decidem pela omissão oficial da informação de sua utilização, de modo a obrigar o consumidor a comprar o que voluntariamente rejeita, em consequência da desinformação).

    https://www.brasildefato.com.br/2017/09/19/argentina-e-brasil-sao-os-maiores-consumidores-de-agrotoxicos-na-al-diz-pesquisadora/

    Essa informação sobre liderança no uso do agrotóxico depende do ano a que se refere e do critério de análise (compra e venda do produto, utilização estimada, análise da presença nos alimentos em inspeções oficiais ou pesquisas acadêmicas), e não é necessariamente “fake news”.
    A questão principal é que o Brasil indiscutivelmente é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e, assumidamente pelos próprios defensores dos agrotóxicos, um dos maiores consumidores, reais e potenciais, destas substâncias – se não fosse, por que tanto interesse em alterar a legislação? No vídeo, dizerem que usam os “defensivos” mas que a gente não ingere é tão cínico e mentiroso quanto dizer que tomamos água encanada mas o cloro e outros químicos usados pela companhia de saneamento não são ingeridos – haja metafísico-química para explicar essa situação.
    2 – A informação no vídeo sobre a FAO, na verdade, é de um estudo de um professor da Unesp, Caio Antonio Carbonari, apresentado em evento da FAO com representantes do agronegócio (http://www.fao.org/brasil/noticias/detail-events/en/c/1070557/ e
    http://desafio2050.org/arquivos/pdf/Eficiencia_no_uso_da_Terra_e_Insumos-Caio_Carbonari.pdf), e todos conhecem a manjada artimanha de indústrias polêmicas ao patrocinar (apoio de) setores e pessoas socialmente reconhecidos como “autoridades” no tema, como arma publicitária nas disputas públicas, em especial, contra a regulamentação governamental de sua atividade econômica – o do cigarro é o mais conhecido, já foi desmascarado mas a forma de ação publici(o)tária continua, vide a crise dos opióides nos EUA bancada pela indústria farmacêutica.

    Quem é esta empresa “Phillips McDougall”? O braço de consultoria em agronegócios da holding de lobby “Informa UK”. (https://informa.com e https://googleweblight.com/i?u=https://agribusinessintelligence.informa.com/products-and-services/data-and-analysis/phillips-mcdougall&hl=pt-BR)

    Está compreensível o conflito de interesse? Quem fez o vídeo esqueceu de dizer quem é e o que faz a empresa cujos “dados” foram utilizados para checar informações e etiquetar como fake news o que contraria seus interesses… Você confiaria numa pesquisa feita por outra Phillip, a Morris, sobre os benefícios do tabagismo?
    E como se explica o apoio da FAO a este tipo de evento, e o fato de a ONU, da qual ela faz parte, ter encaminhado este ano comunicado oficial ao Brasil criticando o pacote do veneno? Quem sabe, avaliar a composição da FAO no período do evento pró agrotóxicos, e os signatários do comunicado da ONU, contrários, possa indicar as intenções de cada grupo.

    https://conexaoplaneta.com.br/blog/ruralistas-contratam-publicitario-para-criar-campanha-em-defesa-dos-agrotoxicos-e-do-pl-do-veneno/

    No link acima tem como “rastrear” que o vídeo foi postado no YouTube pela Rede Brasil Atual (de esquerda), que informa na referida página que o material, de autoria não identificada, circula no aplicativo de mensagens Whatsapp. Pois bem, basta que alguém faça outro vídeo corrigindo este. E cabe a Caetano Veloso, entre outros, avaliar a possibilidade de acionar a delegacia de crimes cibernéticos, tanto para descobrir autoria do vídeo quanto por seu/sua autor/a ter feito uso de sua imagem sem autorização para fins de difamação e desinformação – se até o ministro Fucks ameaça eleição por “medo de fake news”, temos que levar o assunto a sério para não banalizar e confundir o debate nem permitir que seja, mais do que já é, instrumentalizado por oportunistas.
    Se o vídeo foi bem produzido tecnicamente, não tem identificação de autoria e circula de maneira “clandestina” em redes privadas de comunicação, deve ter sido financiado por gente interessada na desinformação sobre o tema, incapaz ou desinteressada em fazer o debate público de maneira honesta, e em se tratando de matéria que está tramitando oficialmente em um dos poderes do Estado, o que farão órgãos tão zelosos da “condução” (coercitiva ou não) da opinião pública, como o MPF?

    https://g1.globo.com/google/amp/g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/apreaa/noticia/perigo-o-brasil-e-o-maior-consumidor-de-agrotoxicos-do-mundo.ghtml

    O link acima nem parece que é reportagem da Globélica “agropopulista”. E não é. A matéria é um especial publicitário da APREAA – associação paranaense dos expostos ao amianto e vítimas de agrotóxicos. Como no caso do Guanaes, uma característica da direita é que não há “ideologia pop” que não se renda ao interesse comercial…

    http://reporterbrasil.org.br/2017/11/agrotoxicos-alimentos-brasil-estudo/

    Do jornal britânico The Guardian, de 03/2017

    “The idea that pesticides are essential to feed a fast-growing global population is a myth, according to UN food and pollution experts.

    A new report, being presented to the UN human rights council on Wednesday, is severely critical of the global corporations that manufacture pesticides, accusing them of the “systematic denial of harms”, “aggressive, unethical marketing tactics” and heavy lobbying of governments which has “obstructed reforms and paralysed global pesticide restrictions”. “

    https://www.google.com.br/amp/s/amp.theguardian.com/environment/2017/mar/07/un-experts-denounce-myth-pesticides-are-necessary-to-feed-the-world

    Tradução livre

    “A ideia que pesticidas são essenciais para alimentar uma população mundial que cresce rapidamente é mito, segundo especialistas em alimentos e poluição da ONU.
    Um novo relatório, a ser apresentado no Conselho de Direitos Humanos da ONU na próxima quarta [08/03/2017], é agudamente crítico às corporações globais que fabricam pesticidas (agrotóxicos), acusando-as de “negação sistemática dos danos”, “táticas de marketing antiéticas e agressivas”, e pesado lobby sobre governos que têm “obstruído reformas e paralisado as restrições mundiais aos pesticidas”.

    Ou seja, o movimento que é feito no Brasil não é isolado e faz parte da estratégia mundial da indústria bilionária do agrotóxico de confundir a opinião pública, comprar governos e desregulamentar a atividade.
    O mesmo acontece nos EUA com a destruição da agência ambiental EPA e a liberação indiscriminada de poluentes e substâncias tóxicas nocivas à saúde da população.
    No Brasil do golpe, a mordaça sobre a Anvisa e o IBAMA, contrários ao PL 6299/2002, e a pressão pró agrotóxicos resultam do fato de que o agronegócio apoia e financia a destruição institucional do país, ajudaram a dar o golpe que a promove porque têm seus interesses beneficiados por ela; estão apenas cobrando a contrapartida.

    P.S. Especialistas sobre o tema não faltam: nessas reportagens (links acima), descobri e indico alguns que poderiam ser entrevistados ou participar de debate neste Nocaute, para esclarecer melhor o público interessado no assunto: em ordem alfabética, Larissa Bombardi, Sílvia Ribeiro e Wanderley Pignati.

    Sampa/SP, 25/06/2018 – 17:10

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