Brasil

O terço do Papa a Lula expõe a missa das "fake news"


Até agora, as “fake news” passavam como a tradução para o inglês de “notícias falsas”.
Mas nesta semana a nossa diligente mídia corporativa deixou claro que não é bem isso. São coisas bem distintas.
Notícia falsa segue sendo aquilo que sabíamos desde sempre: a notícia que não corresponde à realidade e, portanto, não é verdadeira.
Já as fake news são aquilo que se quer que elas sejam. São notícias que correspondem à realidade desejada, com ou sem fato, tanto faz a verdade.
Pior ainda: são notícias validadas por agências de checagem de fatos, que foram criadas, supostamente, para impedir e não chancelar as fake news.
E como foi que aprendemos essa crucial diferença entre a água e o vinho, na mesa da boa informação?
Sorvendo diretamente do cálice papal, que a mídia comercial e midiotas de todo o planeta se esforçam por azedar.
O Papa Francisco mandou um emissário trazer uma mensagem de apoio a Lula e um terço de presente.
Mas a juíza de exceção que zela pela prisão política do ex-presidente impediu que o emissário tivesse acesso a ele.
O assunto repercutiu nas redes sociais e começou a disputa em torno dele.
A direita católica brasileira, anti-Lula e anti-Francisco, ecoou uma nota da agência Vatican News como palavra oficial do Vaticano, negando que o advogado argentino Juan Grabois fosse emissário do Papa ou consultor do Vaticano, e que o terço trazido por ele fosse bento.
A agência de checagem Lupa confirmou essa versão, apontando “fake news”.
Aí começou o conhecido festival de desqualificação que a mídia de mercado promove, sempre que um tema ou personagem da esquerda entra em cena.
Arrasaram Grabois, Lula, o terço, a visita e todos que noticiaram, até que a Vatican News voltou atrás e confirmou o emissário, suas credenciais e o presente que ele trouxe.
O episódio deixou a nú o uso político que o bloco de poder conservador e sua mídia querem fazer desse tema das “fake news”, na guerra que trava contra a esquerda.
Ele indica bem que tipo de notícia, de qual procedência, será denunciado no período eleitoral ao TSE: todo aquele que possa gerar constrangimento e sanções aos candidatos progressistas.
Indica também o papel cartorial, certificador desse uso político da informação, que as agências de checagem de fatos poderão ter, se não checarem seus próprios procedimentos e parâmetros éticos.
A mídia comercial brasileira está armada e em campanha pela demolição da política trabalhista, de seu projeto desenvolvimentista e dos partidos e atores que os sustentam.
Nessa guerra, ela vem se revelando a maior produtora de notícias falsas do planeta.
Mentira, omissão, desqualificação e manipulação são práticas diárias de seu noticiarismo.
Mas as “fake news” para ela, é claro, são só os outros que praticam.
Para que ela possa “denunciar” e usá-las à vontade, na incansável labuta de tanger a opinião pública como seu gado.
Quem for otário que compre – e seja feliz, mugindo de indignação fabricada.
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