Brasil

Marqueteiros se organizam para combater o preconceito e defender a atividade


 
A sigla ainda é desconhecida, mas quando despontar, certamente entrará no debate político nacional. Até porque está nascendo para isso.
No dia 2 de maio, logo após o feriado do Dia do Trabalho – e antes tarde do que nunca -, será lançado em Brasília o CAMP – Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político.
Pode parecer um time de futebol dos marqueteiros, para disputar os jogos publicitários, mas é pura marquetagem de marca – ou de branding, como queiram.
Porque CAMP designa uma nova organização classista, que vem para defender os profissionais da comunicação política e eleitoral, e a própria atividade, ameaçada de todos os lados por preconceito, oportunismo, cretinice e desinformação.
Você já ouviu bastante que o marketing político é arte publicitária de vender candidatos como sabonete, ou qualquer sapo como príncipe.
E tem visto alguns graúdos da atividade denunciados por falcatruas milionárias, embora não veja outros deles passando batidos, porque estão no lado blindado da guerra política.
Mas o que você não vê, não ouve e não lê é que a comunicação política e eleitoral é uma atividade exercida por dezenas de milhares de profissionais no Brasil.
Gente que trabalha duro, ganha modestamente e paga imposto sobre cada centavo que recebe.
São publicitários, jornalistas, radialistas, atores, sociólogos, artistas, informáticos, cineastas, gráficos, uma infinidade de trabalhadores, dedicados a fazer com que a democracia funcione.
Porque a democracia exige eleições regulares, e eleições exigem campanhas eleitorais, para que os eleitores tomem ciência dos candidatos e de suas propostas, e – mais que isso – sejam motivados a escolher um deles.
Mas, neste peculiar regime político brasileiro, que com muita liberdade poética se pode chamar de democracia, as campanhas eleitorais são demonizadas e todos querem acabar com elas.
Sobretudo aqueles que querem tomar o poder sem eleições, ou eleições sem controvérsia, eleições na surdina, sem que o povo se envolva muito e seja mais facilmente guiado na hora de votar.
Por isso votam leis eleitorais restritivas, reduzem as campanhas, limitam o tempo e os recursos de comunicação, atrapalham ao máximo.
Sempre em nome do aprimoramento dos costumes políticos, mas produzindo objetivamente o inverso dele.
A comunicação política profissional, particularmente a propaganda eleitoral, é um confortável bode expiatório nacional.
É mais fácil atribuir a ela a culpa pelas mazelas de um sistema político disfuncional, estruturalmente corrupto e cínico, do que cada agente desse sistema assumir a sua responsabilidade nele: os políticos, a justiça, o mercado, a mídia, a sociedade.
A ampla maioria dos profissionais que trabalham em eleições quer muito uma reforma política verdadeira, que acabe com esse jogo de contentes, em que eles são sempre os perdedores.
Querem expurgar os corruptos e oportunistas de seu meio, e regular a atividade do marketing político, para exercê-la com a mesma paz e legitimidade do marketing comercial.
Que o CAMP possa contribuir para isso. E que o povo brasileiro seja menos otário, de acreditar que com campanhas menores e piores será possível melhorar a política.
 
Veja também:
https://www.nocaute.blog.br/2018/04/27/augusto-de-campos-a-versatilidade-de-um-dos-maiores-poetas-do-brasil/

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