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Eleição de Obrador no México mostra que a América Latina resiste

O resultado das eleições mexicanas evidenciam que a região ocupa hoje o centro da resistência mundial à ofensiva do imperialismo dos EUA.

A vitória de López Obrador no México, dia 1 de julho, coloca em evidência algo importantíssimo que a gente tende a perder de vista: o fato de que a América Latina ocupa hoje o centro da resistência mundial à ofensiva do imperialismo dos EUA e da disputa entre eles.

Parece um exagero, mas é a primeira vez no México que um candidato de esquerda ocupa o poder em décadas. E o mais importante: Obrador chega ao poder com uma plataforma que é de proteger as reservas de petróleo, de água, contra o muro do México e contra as pretensões do Trump. Isso demonstra a tentativa da população mexicana de resistir a planos cada vez piores, porque estão na fronteira do país de Donald Trump.

Isso também lança um sinal grande para toda América Latina, no sentido de que é possível mobilizar a resistência – mesmo que Obrador não seja lá essa Brastemp. A gente diz que ele é de esquerda, ele é herdeiro de uma plataforma de esquerda, do governo Cadernas, dos anos 34 a 36 no México, mas apesar disso ele chefia uma coalizão com gente até de extrema direita, tem até evangelistas de extrema direita.

Mesmo assim, é um sinal de resistência profunda. E se combina com o que acontece no Brasil e que muita gente perde de vista. É simplesmente extraordinário: a direita simplesmente não consegue emplacar um candidato, Lula de dentro da cadeia lança um novo manifesto pela democracia, a direita não consegue articular um candidato viável para disputar as eleições.

E isso tem como pano de fundo não apenas a pessoa do Lula, o carisma e importância do Lula. Isso demonstra persistência de um movimento que começou lá nos anos 70, nas comunidades eclesiais de base, que construiu o PT, os grandes sindicatos e greves do ABC em 79 e 80, e esse movimento jamais foi derrotado.

Essa resistência profunda da população, a mesma que se mostrou no México, é o que acontece no Brasil com uma importância extraordinária. Não existe hoje no mundo um paralelo equivalente ao que representa a resistência de Lula na prisão hoje no Brasil. Talvez se possa fazer uma certa analogia com o que acontecia com a África do Sul, quando Nelson Mandela estava preso. Essa é a importância do que acontece hoje com o Brasil.

E finalmente na Argentina, a gente vê a mobilização de milhões de pessoas ocupando as ruas das principais cidades para impor a nova lei que legaliza o aborto. É óbvio que não era só a questão do aborto. As manifestações de milhões na Argentina demonstraram a resistência da população ao governo Macri, que está destruindo a economia do país.

E finalmente dentro do próprio EUA estamos tendo várias surpresas agradáveis. O Partido Democrata, que está em processo de eleições primárias, muitos dos candidatos vencedores são partidários de Bernie Sanders, têm uma plataforma abertamente socialista, abertamente favorável à luta dos trabalhadores e contra, portanto, o Donald Trump. E eles estão ganhando muitas eleições primárias no Partido Democrata, o que indica uma tendência de radicalização à esquerda dentro dos EUA.

Portanto temos razões para comemorar e não nos deixarmos abalar por ceticismo, pessimismo. Apesar das aparências, existem movimentos profundos na conjuntura que indicam que a América Latina está no centro da resistência.

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