Esse fim de semana, o Michel Temer foi à Santiago do Chile, uma viagem relâmpago, a gente nem notou que ele viajou, e aliás nem no Chile notaram que ele estava lá. É até verdade que ele deu uma entrevista longa para um jornal chileno, La Tercera, antes de viajar, dizendo aquelas mentiras habituais. Nada com muita importância.
O que eu queria ressaltar é que no Chile ele foi à posse do Sebastián Piñera, um conservador direitista que ganhou a eleição presidencial uns meses atrás derrotando Alejandro Guillier que era o candidato de centro-esquerda. O Piñera vai encontrar um Chile bem diferente do que ele deixou no mandato anterior dele. A Michelle Bachelet fez, ou deixou em aberto, a possibilidade de mudanças radicais no Chile, inclusive propondo uma nova Constituição, leis que aprovariam o aborto, o casamento homoafetivo. Enfim, para o Piñera dar marcha ré no Chile vai ser muito complicado, porque o chileno vai pra rua.
Para o Temer dar marcha ré aqui no Brasil foi um jardim de infância, um passeio, com a omissão da Suprema Corte, o STF. O que eu acho curioso é que estavam lá o Michel Temer, Mauricio Macri, o presidente da Argentina e o Sebastián Piñera, como é que o Temer deve ter se sentido? Porque afinal a Bachelet reconheceu a eleição, deu posse ao sucessor eleito. O Macri, que está fazendo um desastre ilimitado na Argentina, um sujeitinho horroroso, um governinho horroroso, corrupto, autoritário, retrógrado, mentiroso. Igualzinho ao Temer, apesar de que o Macri foi eleito. Então, se eles são parecidos em tudo, o Macri e o Piñero têm uma diferença fundamental com o vampirão da Tuiuti: eles são legítimos, o vampirão é ilegítimo. E o pior é que ele faz essa viagem relâmpago e não aprende nada. Ele volta com a mesma cara de pau.
Esse fim de semana tem um detalhe ainda mais complicado. Sábado, na calada da tarde, a meritíssima, excelentíssima, presidentíssima do Supremo Tribunal Federal, Carmén Lúcia recebeu na casa dela, fora de agenda, a visita do vampirão da Tuiuti que tem duas investigações na Suprema Corte, que ela preside, tem duas denúncias e teve o sigilo bancário quebrado, por um colega dela de Corte o Luís Barroso. Claro que não vão achar nada na conta do Temer, tem que mexer na conta dos asseclas dele, mas é um gesto simbólico duro. Como que a Carmén Lúcia, meritíssima, magistradíssima, aceita um encontro assim à sorrelfa, meio furtivo, se ainda fosse um namorado clandestino dava pra entender, mas receber o Temer, por que não o recebeu na Corte, no despacho dela? Por que não foi ao Palácio? Já que era um encontro entre presidentes de dois poderes. Mentira. O vampirão foi lá negociar o que?
É cada vez mais vergonhoso o que acontece em todas, todas as instâncias do poder Judiciário do meu país.
O Temer vai de visita furtiva à viagem furtiva, e o Brasil enquanto isso vai naufragando, naufragando cada vez mais.
