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Tarsila do Amaral ganha sua primeira exposição no MoMA

Já são cem anos de Tarsila do Amaral e é no mínimo impressionante que os Estados Unidos recebam só agora uma mostra exclusiva da artista. Para o Ministro Marco Antonio Nakata, do Consulado Brasileiro em Nova Iorque, o interesse norte-americano por arte brasileira é um fenômeno relativamente recente.
O MoMA (Museum of Modern Art) recebe a partir do dia 11 (e até 3 de junho) a primeira grande exposição de Tarsila do Amaral (1886 – 1973) nos Estados Unidos. A mostra comemora o trabalho pioneiro e a influência da artista brasileira, uma das protagonistas do modernismo no país, e que ainda hoje é figura central no campo da literatura, teatro, artes plásticas, música e até moda.
Batizada “Tarsila do Amaral: Inventando a Arte Moderna no Brasil”, a exposição faz um recorte da produção a partir da década de 1920. Ao todo são 120 obras entre pinturas, desenhos, cadernos de esboços e fotografias selecionadas de acervos nos Estados Unidos, América Latina e Europa.
Entre os trabalhos de destaque o público vai conferir o reencontro de três quadros emblemáticos: “A negra” (1923); “Abaporu” (1928) e “Antropofagia”(1929). A última vez que essas obras foram expostas juntas na América do Norte foi exatamente no MoMA, em 1993, dentro da exposição “Artistas Latino-Americanos do Século XX”.
Interesse recente
Já são cem anos de Tarsila do Amaral e soa estranho, ou no mínimo impressionante, que os Estados Unidos receba só agora uma mostra exclusiva da artista. Para o Ministro Marco Antonio Nakata, do Consulado Brasileiro em Nova York, o interesse norte-americano por arte brasileira é um fenômeno relativamente recente.
“Os ‘clássicos modernos’ brasileiros, como Lygia Clark e Helio Oiticica conseguiram, já há alguns anos, espaço em importantes museus, assim como alguns grandes nomes da arte contemporânea brasileira, como Vik Muniz, Ernesto Neto, Beatriz Milhazes, Miguel Rio Branco, entre outros. Você pode notar que o interesse por Tarsila, que precede esses artistas que mencionei, surgiu posteriormente. Eu creio que isso tenha que ver com o fato de que o interesse pela obra de alguns artistas surge quando se começa a compreender o contexto histórico-cultural de sua obra. O gosto do público e atenção da crítica não acontecem cronologicamente”, pontua.
Ainda segundo Nakata, os críticos e curadores americanos começaram mais recentemente a se interessar pelos artistas que influenciaram os neoconcretos, a Tropicália e a arte contemporânea. “Assim, naturalmente surgiu a curiosidade sobre o trabalho de Tarsila. Ou seja: o caminho percorrido foi inverso. Os tempos de ‘maturação’ do interesse do público por determinado artista são muito variáveis. Na própria história da arte, você poderá identificar vários grandes nomes, hoje mundialmente conhecidos, que ficaram décadas, às vezes séculos esquecidos. Vermeer, Caravaggio, Van Gogh, Morandi”, exemplifica.
Clássicos
Um dos trabalhos mais importantes da artista é “Abaporu”. A obra, dedicada ao então esposo Oswald de Andrade, tem no título a combinação de duas palavras do idioma dos índios tupi-guarani: aba (homem) e poru (que come carne humana). É exatamente essa tela que inspirou o poeta a escrever o “Manifesto Antropofágo”.
Outro trabalho também em exibição é “Operários” (1933). A tela foi criada após uma viagem de Tarsila à Rússia marxista. A obra retrata um grupo de operários com as chaminés de uma fábrica como fundo, destacando a diversidade da sociedade brasileira. Uma obra que reúne o legado e o desejo de Tarsila: ser a artista do Brasil e seu povo.
Assista à reportagem de Clarissa Carvalhaes, correspondente do Nocaute em Nova Iorque:

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