Brasil

A Lista


 
 
Por Eric Nepomuceno
 
Bom, parece que não se fala de outra coisa: a lista. A lista que agora não é do Janot, é do ministro Fachin da Corte Suprema. Eu acho bom a gente ter muito claro que são nomes que serão investigados, não é? Quer dizer, por enquanto, ninguém é culpado. Agora, francamente, alguns nomes são divertidos. Porque são bandoleiros notórios e notáveis. Aqui no Rio a gente conhece muito bem Wellington Moreira Franco. O Brasil inteiro conhece Eliseu Padilha. Agora, tem gente que vamos ver o que acontece. Vamos ver o que prova e o que não prova. O que vai acontecer? De uma coisa todos nós podemos ter certeza: virão mais delações, mais nomes, mais denúncias e possivelmente mais investigações. Ou sobre os que já estão na lista do ministro Fachin ou vai saber.
 
Eu, particularmente, me diverti muito vendo na lista dois senadores. Um que se chama Cássio Cunha Lima que foi de uma virulência na defesa da moral e dos bons costumes contra a presidente Dilma, que aliás não é acusada de enriquecimento pessoal, nem de ter tido nenhum benefício direto. As campanhas, sim. E o outro, vejam vocês, Antonio Anastasia, aquela figura maneirada que com muita veemência de menino primeiro da classe acusava a presidente Dilma de ter cometido três crimes fiscais. Ou seja, ela teria assinado três suplementações de orçamento sem passar pelo Congresso. Esse camarada quando governou Minas fez 56 medidas iguais.
 
O camarada do Tribunal de Contas da União, Vital do Rêgo, esse Tribunal, nem deveria chamar Tribunal porque afinal é um órgão assessor do Congresso. Quem integra esse Tribunal? Os apadrinhados. Apadrinhados de quem? Dos senadores. Que senadores? Os que estão na lista. Curiosamente não há ninguém de Tribunal de primeira instância, segunda instância, quem dirá de instâncias superiores, anunciados. Todos anjos. Será?
 
Enfim, e as reformas do Michel Temer? Nessa quarta-feira o vice-presidente da Câmara, um camarada chamado Fábio Ramalho, do mesmo PMDB do Temer, só que de Minas Gerais, disse que se ele fosse o presidente tirava a reforma da Previdência da votação. Tira que não tem clima pra isso não.
 
O que vai acontecer? Não sei. Agora, coisa boa não vai ser não.

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    Aprecio demais seus vídeos. No meu entendimento poucos ou melhor pouquíssimos não constarão na “lista”. E aqueles que constam nada ou pouco acontecerá. Agora só a partir do dia 3 de maio é que vamos saber de fato o que vai acontecer com essa suruba que o Brasil se transformou. Não me conformo com a inércia do povo brasileiro. Paraguai, um país tão pequeno, botou quente! Invejável!

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    Surpreendo-me com a surpresa alheia. Não é surpresa a corrupção. Não é surpresa a compra do estado pelos interesses do mercado. Não é surpresa que licitações sejam fraudadas. Não é surpresa que Lula e Dilma sejam citados porque tudo isso foi feito pra criminalizá-los. Não é surpresa que delatores sejam bandidos dispostos a entregar a mãe para fugir da cadeia, especialmente, das garras de um maníaco que quer atingir um objetivo. Não é surpresa que a midia não pratique jornalismo, mas faça reprodução de fofocas e disse-me-disse que nunca serão provadas. Não é surpresa que os canalhas que enriqueceram estejam sendo colocados lado a lado com gente de bem que arrumou uma grana com empresários pra se eleger e poder defender direitos dos ferrados. Não é surpresa que continuem blindados o judiciario e a midia. Não é surpresa que, ao fim e ao cabo, a esquerda seja focada. Não é surpresa que tudo farão para tirar Lula do páreo de 2018. Não é surpresa que os ingenuos (ou mal intencionados?) de sempre se arroguem em indignados com a corrupção que existiu desde sempre.
    De onde vem a suspresa? De onde vem a estupefação? Isso é apenas a continuação do golpe e tal como na deposição da Dilma, o povo estava a mercê de seus carrascos encastelados nos sistemas globais de comunicação ….

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    Tenho acompanhado as históricas reportagens sobre as delações gravadas de quase uma centena de executivos da construtora Odebrecht. Chamou-me a atenção a do patriarca da empresa. Teria afirmado que todo o esquema revelado está “institucionalizado”. Acrescentou, ainda: “.. o que me entristece é que a imprensa toda sabia”. Se essa prática é generalizada há tanto tempo, onde estavam os custosos aparatos Judiciário e policial? Dado os montantes envolvidos com essa única empreiteira, a quanto não chegarão as “contribuições” das demais construtoras e dos setores agropecuário, comercial, de mineração, petróleo, de serviços, exportador, industrial e financeiro? Este, aliás, o principal beneficiário do pagamento de juros da dívida pública que, no período de 1995 a 2015, atingiu a cifra estonteante de R$ 3,4 trilhões, graças às taxas de juro reais recordes, de cerca de 10% a.a., fixadas pelo “independente” Banco Central do Brasil. Pagamentos que não escandalizam nenhum órgão do Estado. Apenas em 2015, os gastos orçados para educação, saúde, desenvolvimento social, transportes e para cobrir o déficit da previdência chegaram a R$ 405 bilhões, cerca de 20% inferiores aos R$ 502 bilhões destinados ao pagamento de juros da dívida pública. Por sinal, única rubrica orçamentária excluída de qualquer controle pelas reformas do governo que, coadjuvado pelos congressistas que o capital pode comprar, colocou os gastos sociais em camisa de força, fazendo-nos regredir à pré-cidadania. Estará esperando que, quais servos da gleba, o povo pagará essa conta docilmente?

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